A felicidade que você trazia ontem me visitou e me fez rir : As lembranças do bolo que você comeu inteiro, as vezes em que te peguei em cima da mesa a vasculhar panelas divertiram a mim e minhas novas colegas de trabalho.
E foi a primeira vez em um ano que falei de você sem chorar.
Há dores que as pessoas compreendem apenas com um olhar, saudades que todo mundo sente ou irá sentir e para as quais se encontra apoio, um ombro amigo.Mas o que fazemos com as que são encaradas com estranheza, incompreensão? Talvez guardar lá no fundo da alma, trancar no coração que se apequena até o dia em que finalmente deixam de ser lágrimas para se tornarem boas lembranças.
Só que eu nunca fui boa em esconder o que sinto.
Desde que você foi embora me permiti chorar a falta que sua doçura me faz. Ainda olho para a porta do quartinho esperando ver sua carinha preta e marrom a prestar atenção em quem está abrindo a porta.Tão brincalhona,tão você.
No frio julho do seu nascimento foi seu irmão que me conquistou: eu te achei chata, histérica e queria de qualquer jeito ficar com ele, mas não podíamos já que um cachorro macho não deveria ser criado com sua mãe. E você virou nossa segunda cria.
Paixões são passageiras, o verdadeiro amor não. Se naquelas semanas eu me encantei pelo focinho comprido e lindo dele em você eu aprendi a amar tudo o que podia: sua carinha diferente de basset falsificado, o corpinho gordo, a alegria canina que parecia multiplicada por mil, luminosa, inocente.
E que coloriu nossos dezesseis anos juntas: a caçula de casa, deitada comigo e mordendo meus dedos quando seus dentes coçavam. Pedindo carinho na barriga, atormentada com aqueles temporários e estranhos ataques histéricos e tocando nosso coração com seu medo de fogos, sua fragilidade, o eterno jeito de cadelinha bebê mesmo já velhinha. Sendo a nossa Luna.
Não consigo pensar no seu fim porque para mim você é eterna e eu não preciso que ninguém estranhe a minha saudade. Amor não precisa de entendimento, só de presença.
Quando nos despedimos naquele sábado nublado eu tive a certeza ao olhar nos seus olhos que você entendeu a minha sinceridade, a dimensão do meu carinho quando disse:" Te amo, agora você pode descansar",e o quanto meu coração carregará para aonde eu for um agradecimento sem medidas por você e sua mãe terem feito parte dessa minha louca vida,
Minha querida neguinha até mais, até sempre, para sempre.
D.SConsiglio

Poxa, faz isso não. Eu amo cachorros, tenho seis (já tive nove). Uma a gente deu (na verdade, ela não era bem nossa, ela só ficou com a gente por um tempo, porque era de rua) e dois morreram. Sei como você se sente. Animais dão vida à nós, pena que vivem tão pouco...
ResponderExcluirLove, Nina.
http://ninaeuma.blogspot.com/