Eleições chegando, a paciência da gente se esgotando com tanta propaganda, santinhos e cavaletes que dão rasteiras e eu aqui a pensar em como essa época me traz lembranças de infância. Esquisito, eu sei, mas já vou explicar.
Meus tempos de criança são repletos de memórias que me visitam em anos de eleição, em outubros agitados.Meu amado e fofíssimo pai adorava agradar a filha mais nova (eu!eu!) a carregando para comícios ( nem me lembro a última vez que um deles aconteceu por aqui) e passando em comitês para descolar os brindes mais cobiçados. Sim, culpada! Os vidros da minha janela já foram cobertos por muiiitos adesivos do Maluf. E ainda assinava jornais dos quais a minha parte favorita era a que falava sobre política, afinal quem precisava de Barbie, né Débora?
Quando eu nem sabia soletrar a palavra impeachment tivemos um certo 29 de setembro em que o nosso primeiro presidente eleito pelo voto direto foi tirado do poder. E eu lá, com meus 12 anos, no dia do aniversário do meu irmão mais velho, com os olhos grudados na TV anotando os votos dos deputados, acreditando de uma forma infantil naqueles depoimentos exaltados. Eu tinha fé naqueles homens. Que mesmo danificada pelo crescimento e desilusões me empurrou para as ruas em junho de 2013, sem nenhum arrependimento e ainda me deixa cheia de inconformismo e tristeza quando ouço alguém dizer que não sabe quem está concorrendo a presidência do nosso país ( sim, aconteceu comigo ontem).
Guardo ainda um pouco daquela menina que balançava bandeiras e colecionava camisetas como se fossem sua toda particular maneira de mudar o mundo. Sei que hoje ela anda escondida atrás de uma mulher um tanto desiludida por tempos que parecem não terem trazido as mudanças que sempre esperou. Mas essa pequena é insistente , curiosa. E mesmo que lhe digam não valer a pena, a sua brincadeira favorita continua sendo a de sonhar com um país melhor.
Obrigada, pai!
D.SConsiglio

Sei bem o que é esse sentimento de desilusão que você diz...
ResponderExcluirPassei as mesmas emoções e hoje vejo esse país em verdadeiro caos e desordem.. Parabéns querida Débora Silva! Gosto muito de suas crônicas!