sexta-feira, 3 de outubro de 2014

HOJE EU TE VI NO CÉU, LUNA.

A felicidade que você  trazia ontem me visitou e me fez rir : As lembranças do bolo que você comeu inteiro, as vezes em que te peguei em cima da mesa a vasculhar panelas divertiram a mim e minhas novas colegas de trabalho.
E foi a primeira vez em um ano que falei de você sem chorar.
Há dores que as pessoas compreendem apenas com um olhar, saudades que todo mundo sente ou irá sentir e para as quais se encontra apoio, um ombro amigo.Mas o que fazemos com as que são encaradas com estranheza, incompreensão? Talvez guardar lá no fundo da alma, trancar no coração que se apequena até o dia em que finalmente deixam de ser lágrimas para se tornarem boas lembranças.
Só que eu nunca fui boa em esconder o que sinto.
Desde que você foi embora me permiti chorar a falta que sua doçura me faz. Ainda olho para a porta do quartinho esperando ver sua carinha preta e marrom a prestar atenção em quem está abrindo a porta.Tão brincalhona,tão você.
No frio julho do seu nascimento foi seu irmão que me conquistou: eu te achei chata, histérica e queria de qualquer jeito ficar com ele, mas não podíamos já que um cachorro macho não deveria ser criado com sua mãe. E você virou nossa segunda cria.
Paixões são passageiras, o verdadeiro amor não. Se naquelas semanas eu me encantei pelo focinho comprido e lindo dele em você eu aprendi a amar tudo o que podia: sua carinha diferente de basset falsificado, o corpinho gordo, a alegria canina que parecia multiplicada por mil, luminosa, inocente.
 E que coloriu nossos dezesseis anos juntas:  a caçula de casa, deitada comigo e mordendo meus dedos quando seus dentes coçavam. Pedindo carinho na barriga, atormentada com aqueles temporários e estranhos ataques histéricos e  tocando nosso coração com seu medo de fogos, sua fragilidade, o eterno jeito de cadelinha bebê mesmo já velhinha. Sendo a nossa Luna.
Não consigo pensar no seu fim porque para mim você é eterna e eu não preciso que ninguém estranhe a minha saudade. Amor não precisa de entendimento, só de presença.
Quando nos despedimos naquele sábado nublado eu tive a certeza ao olhar nos seus olhos que você entendeu a minha sinceridade, a dimensão do meu carinho quando disse:" Te amo, agora você pode descansar",e o quanto meu coração carregará para aonde eu for um agradecimento sem medidas por você e sua mãe terem feito parte dessa minha louca vida,
           Minha querida neguinha até mais, até sempre, para sempre.
                                                                D.SConsiglio

Um comentário:

  1. Poxa, faz isso não. Eu amo cachorros, tenho seis (já tive nove). Uma a gente deu (na verdade, ela não era bem nossa, ela só ficou com a gente por um tempo, porque era de rua) e dois morreram. Sei como você se sente. Animais dão vida à nós, pena que vivem tão pouco...

    Love, Nina.
    http://ninaeuma.blogspot.com/

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