segunda-feira, 3 de novembro de 2014

A CARTA QUE EU NÃO VOU TE MANDAR

Não me importavam as horas, eu só queria ouvir te ouvir. Foi tão rápido :  a sua rispidez, a minha vergonha e Carla como sempre sendo a amiga a me proteger, jogando meu celular dentro do copo de cerveja. Não tive forças para reclamar.
A primeira vez em que saí depois de nós me rendeu um celular destruído, uma melhor amiga decepcionada e o coração ainda mais dilacerado. Voltei para casa bêbada de cerveja e frustração.
Acordei hoje e tocar o chão deixou meus pés doloridos. Mesmo com o sol invadindo meu quarto voltei para a cama, o mínimo conforto que meu corpo precisava, já que para a ferida que faz meu orgulho sangrar parece não haver cura.
Consigo te imaginar rindo dessas primeiras linhas que te  escrevo , suas piadas previsíveis sobre minha mania de ser dramática, talvez com o mesmo deboche com que atendeu meu telefonema de ontem.
Ponho no papel as palavras que minha garganta dolorida e seca pela ressaca desejava te dizer. Talvez eu esteja tentando voltar aos nossos tempos de bilhetes pelo quarto, dos post-its nos notebooks, das mensagens de texto safadas durante o trabalho.
Mas esse é um caminho que eu não posso percorrer sozinha e então me pego pateticamente escrevendo mais uma carta que guardarei no fundo da gaveta onde os presentes que você me deu ainda parecem me olhar com pena da mulher que me tornei. E aqui se vai mais uma folha desperdiçada, mais uma prova da saudade que se tornou minha sombra, a companheira das mais indesejadas.
Sim, ainda insisto, sim ainda sofro, e sim, claro que ainda te amo!

                                                             Sua, e sempre sua, em todas as noites, as manhãs e madrugadas!
                                                                                                  <3

4 comentários:

  1. Lindo, lindo de viver...
    Amei demais!!!

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  2. Maravilhoso Parabéns menina talentosa!!

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  3. Débora, que texto! Eu consegui ver a personagem sofrendo de verdade. E as cartas, de certa forma, ajuda superar. Sei que as cartas e presentes estão com pena da personagem, mas mesmo assim, acho que é uma recurso de colocar para fora o que está sentido. Beijos!

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  4. Belo texto!
    Bjs

    http://a-libri.blogspot.com.br

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